Memória, Montagem: Construções

Autores

  • Patricia Carmello

Palavras-chave:

Montagem, Memória, Resíduo

Resumo

A memória pode ser vista como montagem, de acordo com a imagem de Walter Benjamin, presente numa comparação entre o cinema e a arte grega, na qual se destaca o potencial do primeiro como oposto à concepção totalitária da arte, identificada com a noção de aura e elevação. É reconhecido, então, o direito de escolha do montador, comparado a um cirurgião, que corta, recorta e cola as imagens, compondo uma constelação: uma (necessariamente) nova e parcial ordenação, contrária à tentativa de totalização, imposta, não somente pelo fascismo, mas por qualquer sistema totalitário. Vista como montagem, a memória coloca em questão uma outra apreensão do tempo e uma redefinição de sua própria concepção, relacionada à noção de fort da, desenvolvida por Freud como jogo entre a presença e a ausência; ou, como o pêndulo de Valéry, oscilante entre o som e o silêncio, entre a lembrança e o esquecimento. Reenvia, portanto, à concepção freudiana de um tempo em camadas, fundado sobre ruínas e fragmentos; constituída como fantasia, ficção, construção fantasmática.

Biografia do Autor

  • Patricia Carmello
    Doutora em Teoria Literária pela UFRJ, atualmente iniciando pós-doc na UFMG.

Downloads

Publicado

16-02-2012